Escalada Infinita

Uma viagem para o útero do povo inca: Cusco.
 Assim nasce uma coleção repleta de personalidade e filosofias, que desperta o olhar para a sociologia de dois povos: os incas, como eram chamados os povos quéchua, e os espanhóis. Com sensibilidade, a designer Camila Klein imprime em suas criações a riqueza da alma de ambos, e a alquimia de estilos presentes em cada cultura.
 Em uma atmosfera de rendas envoltas por pedras naturais cravejadas e cristais austríacos, se materializa a primeira fase da chegada dos espanhóis em Cusco. O design faz referência aos conflitos sociais, políticos, econômicos e, acima de tudo, de interesses divididos, que eram os dos espanhóis de ter e o dos incas de ser.
 Lanças, símbolo de resistência dos povos quéchuas, são representadas na segunda fase através de criações em placas de metal nobre com formatos pontiagudos, envoltos pela delicadeza das pedrarias. A estética também é destacada no acabamento manual com pinturas rupestres em texturas, marcando a arte local através de pedras com cores vibrantes que remetem à tapeçaria inca.
 Com essa fusão de culturas, nasce a terceira fase, que mistura a austeridade dos espanhóis e as cores da civilização inca. As formas rústicas e irregulares dos metais representam a maleabilidade da vida, a qual nos traz a consciência de sermos seres mutáveis, e de que os conflitos políticos, sociais e econômicos não nos levam para outro nível de evolução.
 A designer também traz os símbolos da cultura inca ao imprimir em suas coleções figuras poderosas como a serpente, o condor e o leopardo, que são arquétipos usados para o entendimento do funcionamento do universo.
 A união de experiências vividas nessa viagem por Camila, nos leva ao exercício do respeito à cultura de cada povo e a valorização das sabedorias de cada geração. Compaixão pelo passado e ousadia para mudar o futuro, buscando transmutar o conhecimento adquirido em uma joia rara.